Isso porque não considera o seguinte fato: clubes com defesas sólidas como a do Corinthians, que faz marcação alta no campo do adversário, oferece poucas oportunidades de penetração em sua área, e, por consequência, poucas oportunidades de pênaltis; por outro lado, clubes com ataques inoperantes tenderão a entrar pouco na área adversária e, por conseguinte, terão poucas ocasiões de sofrer pênaltis.
Um bom modo de analisar uma defesa sólida (e uma furada como peneira) é pelo número de gols sofridos. E um bom modo de analisar ataques produtivos (e também os improdutivos) é pelo número de gols marcados.
O resultado está na figura 1. (Compilando-se os gols pró e contra no mesmo período do levantamento de Pereira - a partir de 2010, incluindo até a 4a rodada da edição de 2018 do Campeonato Brasileiro de Futebol Série A - e subtraindo os gols de penalidades para eliminar eventuais autocorrelações.)
Figura 1. Correlação entre gols marcados ou sofridos e pênaltis a favor e contra para o Campeonato Brasileiro de Futebol Série A (entre 2011 e a 4a rodada de 2018). Em vermelho: pênaltis e gols contra; em azul: pênaltis e gols a favor.*
A situação do Corinthians é consistente com o fato de ter um ataque relativamente produtivo e uma defesa muito sólida - os pontos não se afastam muito da curva de ajuste. Fluminense e Internacional talvez sejam mesmo pontos fora. Embora também não se afastem tanto das curvas, o ângulo da reta formado pelos pontos de gols/pênaltis favoráveis e contrários, em relação às curvas de ajuste no caso do Fluminense é bem acentuado positivamente; do Inter, bem acentuado negativamente.
*Upideite(17.mai.2018): A versão anterior da figura indicava o ponto dos gols/pênaltis contra o Corinthians no lugar errado.
Figura 2. Relação entre pênaltis marcados a favor pelo total de gols pró marcados e pênaltis contra pelo total de gols marcados contra. Média por equipe na disputa pelo Campeonato Brasileiro de Futebol Série A. A linha horizontal marca a média de todos os clubes no período de 2010 a 2018 (até a 4a rodada). A variação maior dos clubes à direita da Chapecoense é bastante influenciada pelos números menores - tanto de pênaltis quanto de gols - e relativamente poucas participações no certame.